terça-feira, 22 de maio de 2012

A boa formação dos motoristas(final)


Já foi mencionado o problema das aulas de teoria chatas, a prova teórica idiota e das aulas práticas que não acrescentam nada. Hoje é dia da de falar da prova prática!
A prova prática, nada mais é que a gente rodar por um trecho com ladeira, rotatória, meia dúzia de cruzamentos e uma baliza.
Para todos os trechos(exceto a baliza) o carro conta com 4 ocupantes: você, dois avaliadores e outro candidato. Passar numa prova dessas não deveria ser algo difícil desde que as aulas teóricas fossem boas. O fator "ansiedade" também atrapalha muito nessas horas. Na minha vez, eu fui com uma bela morena(casada, infelizmente) de colega aspirante à CNH.
A meu instrutor era o mesmo dela, mas o tratamento...que diferença: com ela, todo cheio de cuidados...só faltava pô-la no colo(não que eu não quisesse à época fazer isso também, mas não vem ao caso). Já comigo, a coisa era ríspida, com um misto de agressividade e indiferença. Como eu já estava acostumado com os professores da UFES, nem liguei muito.
Primeiro, ela fez a volta. Tudo perfeito. Nenhum erro. Nada a descontar.
Quando peguei o carro, senti a pressão de ser perfeito. Não tanto por causa dela(desencanem de mim, feministas de plantão). Mas porque eu procuro ser detalhista e fazer minhas coisas à perfeição. No fim, a ladeira foi molezinha(uma surpresa pra mim). Achei que nada poderia me parar agora. Estava me sentindo o próprio Ayrton Senna.
- Vai ser molezinha!!!

Esse foi meu erro.
Segundo Sun Tzu em A Arte da Guerra, subestimar seu inimigo é a pior coisa que pode fazer. A baliza não era um mistério pra mim. Mas, mesmo fazendo-a sem esbarrar nos obstáculos e deixando o carro alinhadinho no final, ele ficou muito longe da calçada.

REPROVADO

Olha, vou te dizer, nunca me senti tão mal em toda a minha vida. Eu olhava para meu pai e meu carro e não conseguia conter o profundo desprezo e a decepção que eu sentia pelo meu patético desempenho. Aquela quinta-feira foi uma autêntica "black thursday".

Ser reprovado na prova prática, pra quem adora carros, é isso.

Mas não poderia viver aquela auto-comiseração indefinidamente. Assim, adotei o procedimento de mandar aquela prova às favas e marcar a próxima. Sabendo que meu fraco ainda era a ladeira e que a baliza me matou, era esse o enfoque a ser dado: 45% baliza, 45% ladeira e 10% de trânsito.
Ligando pro CFC, informaram-me de que o meu instrutor fora mandado pra outro carro e que o Uno ia ficar com um rapaz que era de outra unidade. Então, foi-me dada a opção de ficar com o carro, ou com o instrutor. Lógico que mandei aquele instrutor folgado pra PQP e juntei minhas expectativas e esperanças de aprender com o novo professor.
No próximo sábado, lá estava ele no meu velho Uno(não adianta, já tinha me apegado à caixinha de fósforo a essa altura). Sabe o que é ver um cara comprometido com a profissão? Era ele. O cara era atencioso, profissional, paciente. Tudo o que um instrutor tem que ser. Ficamos dias e dias fazendo inúmeras balizas e ladeiras. Passado o prazo mínimo, eu estava pronto para passar nessa bagaça dessa vez!
Chegando cedo ao local de prova(um clube em Boa Vista), entrei no carro e conversei com ele(o carro): "não me sacaneia que a gente vai passar lindamente nessa prova, uninho!"
Sim, desde então, eu papeio com meus carros e cuido deles como se fossem da família...Coisas de gearhead!

Enfim, fizemos o mesmo trajeto. Nenhum ponto perdido(da primeira, eu perdi 1,5 ponto por não ter dado seta previamente o suficiente). Era hora da baliza.
Todos saíram e éramos só uninho e eu. Aproximei-me da primeira baliza, alinhei e parei. Meti a ré, estercei tudo e fui devagarinho pra trás. Parei. Desfiz o jogo,meti a primeira e avancei um pouco. Ré, esterçamento pro lado de fora da vaga e pronto. Dos 3 minutos dados, a manobra foi feita em míseros 50 segundos.
Aprovado e feliz que nem pinto no lixo!
Tudo em, que não sou Mads Ostberg, mas a realização era mais ou menos essa, na minha cabeça!

Quando minha Permissão chegou, fiquei doidinho. Primeira coisa: pegar o carro e sair por aí!
E, durante o ano em que fiquei de permissão, descobri que quase nada do que aprendi na auto-escola me ajudava no trânsito do dia-a-dia. É nessa hora que a gente descobre que a coisa mais importante no trânsito é o bom senso.
E isso não se aprende num CFC.

NdA: com paciência, planejamento, bom senso e habilidade é que se faz um trânsito realmente humano.

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